segunda-feira, 15 de abril de 2013

As voltas que a vida dá!

As voltas que a vida dá!!!




Lá em casa era assim:

-      Manhêê! Me dá dinheiro?
-      Dinheiro pra que?
-      Pra eu comprar uma coisa...
-      Só vou te dar dinheiro se você me disser para o que você quer!

“Que saco!” Pensava eu, mas respondia por não ter outra saída. E, afinal, eu realmente precisava comprar aquela bala ou chiclete com figurinhas para minha coleção.

Alguns anos mais tarde:

-  Minha filha! Que tanto dinheiro é esse aqui? Dizia minha mãe ao encontrar minhas economias.
-  É meu!
-  Mas quem te deu? Daonde você tirou esse dinheiro todo?

E, sem perceber, você é acusado pela primeira vez de ser um marginal inescrupuloso ou de andar, provavelmente, vendendo seu corpo nas esquinas da cidade. E é nesse momento que você traça o plano mais importante da sua vida: “Quando eu trabalhar nunca mais vou dar satisfações do meu dinheiro para ninguém”.

Mais alguns anos se passam, você já é adulto, mas ainda não trabalha e continua passando pelas mesmas situações de quando era criança. E você percebe que falar mais alto, mais sério ou mais irritado não resolve nada, seus pais ainda querem saber para que, de onde vem e para aonde vai o dinheiro que você usa para sobreviver. E é aí que vem o segundo plano mais importante da sua vida: “eu só vou aguentar isso até me formar, depois nunca mais!”.

E a gente cresce mais um pouco, arranja um emprego, sai de casa e acha que finalmente conquistamos nossa tão sonhada alforria financeira. Agora é hora de ser livre, pensamos, sem ter que dar satisfações sobre a sua vida, nunca mais, para ninguém. Mas aí o tempo passa de novo, e você conhece ELE!!! O cara que te tira do sério, que faz você sair da sua zona de conforto. É engraçado como às vezes conhecemos uma coisa ou pessoa por tanto tempo sem nunca dar a devida atenção a ela. Mas a vida é assim, tem hora para tudo! 

E a hora chega, então não há o que fazer. Você se vê novamente abrindo o jogo. Cedendo e respondendo todas as perguntas. Mas para que resistir? Com certeza ele é alguém com quem você vai construir, juntos, uma história. É inútil lutar. Será ano após ano dividindo seus momentos e seus segredos, desde o dentista até o dinheiro embaixo do colchão. E mesmo que haja mentiras, pois todo relação carrega uma mentirinha, ele irá olhar para você, com o seu cabelo perfeitamente penteado e aquela blusa de tecido delicado, fazendo você ceder mais uma vez.

Mas, finalmente, você assume essa relação! Nao adianta mais correr, você chegou no limite. Então o encara, olha fixamente para ele, e, com o peito enchendo de felicidade, diz: 
- Até que enfim terminei meu Imposto de Renda.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Isa Jornalista






ESTÁ COMPROVADO!!!

Isabela Cersosimo não tem mais 15 anos!!!!

A descoberta foi feita pela própria vivente após comparecer aos dois dias do festival de música Lupa Luna, que aparentemente é para maiores de 18 anos.
E sem dormir resolveu comparecer a todas as atividades do dia-a-dia normalmente!
Nesse momento ela encontra-se bagaçada e com dores pelo corpo, mas acredita na sua recuperação!

"Não dá! Eles dizem que pode ter qualquer idade pra essas coisas, mas depois que você chega lá e aproveita ao máximo vê que não é bem assim!! Vou tomar as atitudes cabíveis ao caso e não vou no próximo ano, quer dizer, talvez só em um dia!"
Disse em entrevista exclusiva!

Isabela, agora, admite não ser mais uma jovenzinha, mas ainda recusa-se a assumir sua verdadeira idade.

Polly Drewinski Que acompanhava Isabela estava no evento declara em nota oficial que também não tem mais idade para estas coisas, mas que continuará participando até de fato não aguentar mais.

Em 21 de maio de 2011, Curitiba, PR.



CLASSIFICADOS

VENDE-SE FALCON!
Carro tipo Fusca, azul brilhante, feliz, ano 1979, jovem de espírito.
Ele cumpriu sua missão em minha vida, deixando muitas marcas de alegria. 
Agora Falcon busca novos desafios. Outras vidas para completar.
Procura alguém carinhoso que lhe dê um teto e algumas manutenções de baixo custo de vez em quando. Em troca, Falcon oferece dedicação total e exclusiva.

Com seus bancos de couro aconchegantes, esse simpático carrinho está de portas abertas para você, que quer um companheiro fiel,

Te tráz para casa em segurança e que está pronto para um relacionamento maduro e duradouro.

Valor: A Mega sena da virada não cobre.
Preço: R$ 6.900,00 (negociável)

Em 7 de janeiro de 2013, Itapiranga, SC.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vícios e Indícios


Vícios e Indícios

Ela entra na casa, mas não o encontra. A casa que não era lá muito organizada estava especialmente bagunçada naquele dia. O primeiro olhar é em direção à cozinha. Gavetas abertas e reviradas sugeriam que alguém esteve ali, procurando apressado por algo. “Teria sido um assalto?” pensou ela. A água da torneira quente corria intensamente, a fumaça que saía agilizou sua reação que a fez correr para fechá-la. E com o fim da água ouviu o sutil som da chama piloto se apagando no aquecedor de gás posicionado na área logo ao lado. “Estaria tomando banho?” pensa outra vez. 



Anda pela casa como quem tenta entender, observando os rastros. Agora na sala, a confusão é completa. Papéis amassados e pequenos pedaços de madeiras espalhados pelo chão. Cinzas completavam o cenário que já era bastante confuso. Meio atordoada junta algumas das lascas e não sabe identificar a procedência, mas nota que estavam parcialmente queimadas. “Não sei o que pensar!” pensa ela dessa vez. 




No quarto, o troféu empoeirado que há anos esteve no alto do guarda-roupa agora aparecia em pedaços pelo chão. Extremamente pesado, deixou a marca exata de quando atingiu o assoalho. A base de uma madeira escura justificava as tiras encontradas na sala. “Teria sido defesa pessoal” Disse ela em voz alta, olhando rapidamente a sua volta com medo de que bandidos ainda pudessem estar lá. Onde estaria a vítima? 


Moedas espalhadas. “Com certeza houve um assalto!” Conclui ela olhando para o pequeno pote de vidro, agora quebrado, que servia de abrigo para os trocos sem destino. 


Apesar de preocupada, resolve esperar por notícias antes de tomar qualquer atitude. Enquanto tenta por seus pensamentos no lugar ela vai recolhendo os objetos do chão. Tenta reparar os pequenos estragos pelo caminho. Até chegar novamente na cozinha, onde começa lavar a louça imediatamente. A pia transbordava de copos, pratos e panelas. Mas, o que lhe chamava a atenção, era a quantidade de embalagens plásticas, palitos de fósforos, queimados ou não, e pedaços de papel. Todos ensopados pela água residual no mármore. Irritada, e até enojada, vai jogando tudo que vê na pequena lixeira no canto direito da pia. E, foi justamente em um desses lançamentos que ela, distraidamente, ao levantar a cabeça leva um novo susto.


Lentamente, como quem desacredita no que vê, ela se aproxima do fogão. Joga um pequeno maço de palitos de fósforo molhados no lixo e cuidadosamente analisa mais aquele achado. Era um fogão simples, quatro bocas, sem acendedor automático. Mas, como que por um milagre, conservava a parte de vidro da tampa intacta, enquanto que, por outro lado, a extremidade de plástico branco no alto da tampa levantada encontrava-se completamente deformado. Derretido, devido ao fogo que evidenciava ter estado ali. Na parede, desenhos abstratos feitos pelo fogo completavam a cena. “Uma pequena explosão!?!?”. 


Rapidamente correu para a lavanderia buscar um pano, para uma tentativa inútil qualquer. Eis que ao esticar o braço em direção ao tanque ela se depara com a última e derradeira prova, que completava, enfim, a cena daquele crime: O aquecedor de gás, que possuía três mínimos visores de vidro, que serviam para certificar-se de que a chama estava acesa, agora tinha apenas dois. O vidro do visor central, em forma de losango, era o maior de todos, (mesmo assim era tão pequeno que não se podia passar o menor dos dedos) e agora estava quebrado. Uma das pequenas tiras de madeira, até a metade queimada, ainda encontrava-se posicionada, como uma estaca cravada, no centro do painel. Provando o ato incompleto e ineficiente do desesperado. Mais um desenho se fazia pelo fogo, agora no metal branco daquele aquecedor de gás com piloto automático. 


De repente, o barulho de chaves a faz saltar. Mais do que depressa corre em direção à porta, abrindo-a sem pensar. E lá estava ele, satisfeito, sorridente. Na mão esquerda um isqueiro vermelho, novinho em folha. E na direita, levanta vitorioso, um cigarro aceso, já pela metade: 


“Problema resolvido!” Diz o viciado.