sábado, 24 de novembro de 2012

A prova dos nove!

É meu irmão...nove anos se passaram.
Passaram meio aos trancos e barrancos, mas passaram.

não vou dizer que foi fácil viver sem você esse tempo todo, mas assim como o tempo, muita coisa também passou...


A raiva passou... e como foi bom!

A tristeza passou... agora lembrar de você só me faz feliz!
Você passou!! Finalmente deixei você ir!
E a saudade.... Bom, a saudade eu vou manter. 
Eu gosto dela! Afinal ela só existe, por que você existe!

Existe nas melhores lembranças da infância..... Lembra???


"bora-bora", "bora-sim", "bora-não" - código para pegar ou não a onda que vinha se formando a frente (como se tomar jacaré em qualquer uma delas fosse pegar onda, né? rsrs)


Quando a gente ia ao restaurante e, de brincadeira, cada um tinha que preparar o prato para o outro, só que no final ficávamos desconfiados e então, tínhamos que experimentar o prato antes de fazer a troca, para ver se não estava envenenado. Aí fazíamos cara de "hum! gostei desse prato!!!" acabando cada um ficando com aquele que tinha preparado! hahaha Crianças!!! Como a gente ria com isso!


"frenteee!! Falei primeiro, quem vai na frente sou eu!" A disputa de todo dia saindo de carro para ir para escola!


No café da manhã, quem encostasse primeiro em um objeto da mesa dizia "é meu!" e então o outro não podia pegar.... eu sempre pegava o requeijão e você a faca, e aí, a gente acabava negociando!!! 


... e as infinitas tardes brincando de touro mecânico na rede da casa tia Olívia... você, sempre mais forte, me fazia voar!


E os ensinamentos da adolescência...


"Isabela, quando alguém te oferece um copo de Whisky com Red Bull você aceita! Só aceita!!!!"...


"Irmã do Bomba não toma chá de cadeira"... me esticando a mão para dançar!


... e esse apelido que te dava tanto orgulho?!?! o Bomba, sempre exibindo seus músculos na calçada da rua! hahaha


"você vem sempre aqui, gatinha?"...."tá sozinho hoje, gatinho?".. trocando flertes com voz sexy 


"Sua idiota!!" você dizia enquanto corria atrás de mim.... "Que idiota!" pensava eu enquanto roubava moedas da sua economia secreta!!! (sim, isso foi na adolescência!)



Nossa! Como a gente brigou! Mas como a gente riu....

As risadas infinitas na hora do almoço!
As brincadeiras repetidas milhares de vezes! 
As piadas e imitações, sempre com muitos efeitos sonoros!
As discussões pelas mesmas coisas! 
Os abraços tímidos...

Lembro o ano em que nós dois escodemos nossos presentes de Natal no carro e nenhum dos dois saía de perto da porta, por que queríamos pegar escondido.... até que eu perdi a paciência e falei, e você ria descontroladamente sem me dizer o porquê....


... e os ensaios intermináveis de chula na garagem?!?! Nossa! como você era bom naquilo!!! Eu nunca te contei, mas eu ficava encantada nas suas apresentações!


... mas também fiquei com vergonha o dia que você resolveu raspar todos os pelos do corpo para uma competição de fisioculturismo 
hahaha... mas o seu troféu eu guardei!

É! passaram-se nove anos! Mas e daí?? 

antes disso foram 19! E ESSES NÃO VÃO PASSAR NUNCA!

Foi muito bom ter você por perto... Meu orgulho, meu herói, meu irmão!

... e, nos sonhos, continuaremos a nos encontrar...


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Dia de entrevista


DIA DE ENTREVISTA


              Era uma quarta-feira, dia 09 daquele mês. Acordar inesperadamente gripada em uma cidade como Curitiba, não é algo tão inesperado assim. Com dores no corpo, abatida, congestionamento nasal e todos os outros sintomas se manifestando em mim fui trabalhar. Meu turno começaria às seis da manhã, o que para mim era perfeito, pois no dia seguinte seria a minha folga e a minha tão esperada entrevista de emprego. O emprego dos meus sonhos. E às 17 horas daquele dia estaria dentro de um ônibus. Ninguém sabia disso. Com medo de mais desapontamentos na família (muitas outras entrevistas) resolvi que enfrentaria esse processo seletivo em silêncio.

Quase 11 da manhã, meu corpo pedia arrego, meu olhar abatido e minha cabeça pesada já era mais do que perceptível pelos clientes. Uma visita inesperada. Meu pai entra na loja:
 “Filha, o que aconteceu?”

Com a voz mole e sem forças expliquei meu estado. Ele logo vai embora, penalizado e até um pouco assustado com minha situação. De repente me bate um peso na consciência, afinal mal consegui conversar com ele, que também não sabia da minha tão esperada entrevista.

Aquele era um bom momento para por em prática os conselhos que uma taróloga tinha me dado na tarde anterior. Fui pedir uma ajuda diferenciada para o grande dia. Após muito perguntar às cartas chegamos à conclusão que eu já tinha o que era preciso, era só questão de tempo. A grande descoberta era que eu precisava começar a agradecer meus pais por tudo que recebi. Que assim seja, alguns minutos depois que meu pai saiu da loja comecei a digitar uma linda mensagem de celular, nada típica de mim. Era algo mais ou menos assim: “Pai querido, só queria agradecer por tudo! Um beijo e te amo!!”

Com as malas prontas é hora de ir para a rodoviária. Uma viagem de um dia não precisa muitos preparos, a não ser a comida e a água do pobre cão Guga, que ficaria em casa me esperando. Mas mesmo assim, achei melhor deixar a chave do apartamento na portaria, para alguma eventualidade. Mas eu estava certa que iria correr tudo bem. Ir e vir sem ser notada. Assim, Não daria trabalho a ninguém e não teria que contar a ninguém sobre mais essa entrevista. Bom, foi assim que eu planejei.

...Mas foi assim que aconteceu:

Meu pai procurando por mim no trabalho...
- Oi! A Isabela está aí?
- Não, ela não estava bem e pediu para sair mais cedo!

Meu pai procurando por mim no meu prédio...
- Oi! Queria falar com a Isabela do 203.
- Ela viajou.
- Viajou?!?!?!
- Sim! Por acaso o senhor se chama Gino?
- Sim.
- Ah! A Isabela deixou um bilhete e uma chave para o senhor!
- Bilhete? Chave?
..... ele saiu com as pernas bambas.

No ônibus, 4 horas de viagem, dois antigripais com excelente ação sonífera. Só acordaria lá. Enquanto isso em Curitiba começava os telefonemas. O meu celular desligado. Minha mãe que estava em Campinas, também não sabia da minha viagem. E também tinha recebido uma linda mensagem de agradecimento. Ninguém sabia de mim. Claro, eu tinha saído escondida! Não era para ninguém saber!

Cheguei ao meu destino e ainda sonolenta liguei o celular. Susto! Nove ligações perdidas, tias, mãe, pai. Alguém morreu!!! Certeza que alguém morreu... pernas bambas. E lá de Camboriú começavam as ligações, celulares todos desligados. Mãe, pai, tias... eu nem deixava a musiquinha começar a tocar e já estava ligando para o próximo número. Pernas bambas! Era óbvio, celulares desligados, pois estavam todos na estrada indo para a cidade do falecido. Mas quem era? O que teria acontecido? Para aonde estariam todos indo?

Em Curitiba os preparativos para o velório já estavam a ponto de começar.

Eis que o celular toca. Minha mãe. Ufa! Não era ela a vítima.  Então era meu pai! Por que não conseguia falar com ele? (pensamentos a mil) Não atendi!  Malditas operadoras de celulares e seus deslocamentos.

Antes que eu pudesse retornar a ligação o telefone toca novamente. Era a esposa do meu pai. Mas eu não podia atender. Trágico, mas verdadeiro, tinha apenas três reais de crédito. Se atendesse qualquer ligação ficaria incomunicável (até por mais créditos). 

Eu retorno, e a musiquinha logo se intromete... Só podiam estar na estrada! Entrando e saindo de área... pensava eu.
Com as lágrimas já escorrendo...por quem quer que fosse! Tento ligar mais uma vez. Desolada, trêmula, sem reação,  minhas mãos já não respondiam mais ao meu comando. Não desliguei o celular. Dessa vez apenas deixei aquela voz automática falar. Eu não estava mais ouvindo, não estava mais ali. Então a mensagem mais uma vez entra dizendo: “Tã nã nããã, para completar essa ligação digite o DDD mais o cód...”

Eis que uma nuvem negra se desfaz....

Ahhhhhhhhhh o DDD e o código da operadora!!!!!!!!!!!!!!!! Como eu pude esquecer, eu estava em outro estado.

Eles não estavam com os celulares desliados. Rindo da minha burrice eu começo retornar as ligações:
- Oi, mãe! Tudo bem?
- MINHA FILHA ONDE VOCÊ ESTÁ?????? LIGA PARA O SEU PAI AGORA! – Gritando.
- Mas mãe tá tudo bem?????
- LIGA PARA O SEU PAI QUE ELE ESTÁ PREOCUPADO! (letras maiúsculas significa que ela ainda estava gritando) 

Ops! Acho que era hora de contar... 

- Oi, pai! Tudo bem?
- FILHA O QUE ACONTECEU COM VOCÊ??? VOLTA PARA CASA! POR FAVOR, NÃO SE MATE!!!!!!



Moral da história.................

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Falcon

... eis que publico o primeiro capítulo da minha história com Falcon!!!
 CAPÍTULO I

Eu tenho um fusca. Um fusca chamado Falcon. Não. Ele não é um fusca normal. Ele tem aquela pintura azul opaca, sabe?! Mas um brilho no olhar indescritível. Quando eu digo olhar eu me refiro aos faróis mesmo, mas ele não gosta de ser comparado a carros. E quando eu digo que ele não gosta, eu me refiro a crises reais de mau funcionamento como manifesto. Na verdade eu acho que ele não sabe que é um carro. Ele já não é mais um carro como antes. Mas tenho certeza que logo que ele “nasceu”, em 1979, ele devia ser o mais charmoso da sua geração.
Eu não sei como foi sua trajetória no começo da vida, até porque eu só fui surgir sete anos depois dele. Mas fui vê-lo pela primeira vez no dia 24 de maio de 2008. Eu voltava de uma viagem com minha mãe. Não tem como esquecer esse dia, o dia que eu ganhei meu primeiro carro. Ou melhor, o dia que eu conheci o Falcon.
Eu até poderia dar uma enfeitada na história e dizer que o meu grande sonho era ter um fusca, por ser amante da espécie. Mas o fato foi que, quando eu pedi um carro para o meu pai, eu estava em uma fase da faculdade em que eu passava os três períodos do dia andando para cima e para baixo, atrás das aulas nos vários extremos do campus da universidade. Nossa rotina era realmente exaustiva. E estudante que é estudante nunca tem dinheiro. Então eu me lembro com perfeição das palavras de recomendação que eu usei naquele dia: “eu preciso de um meio de transporte, qualquer um, só, por favor, que não seja um carro a gasolina. E de preferência que não seja um fusca, eles consomem muito. Mas se for um fusca, que seja a álcool.” Eu já tinha tido uma experiência anterior com um fusca de uma amiga, e sabia o prejuízo que eles podiam dar. Então, confesso que, quando cheguei em Curitiba, depois de uma viagem a Campinas e lá estava meu pai me esperando no aeroporto com um fusca... a gasolina, satisfação não foi o meu primeiro sentimento.
Mas esse é o meu pai, não importa o que você fale, ele vai fazer o que ele achar que deve. E diante a felicidade dele, que comprou o carro em parceria com minha tia (e madrinha), não havia espaço para nada além de alegria. Aos poucos fui descobrindo pequenas peculiaridades, detalhes, alterações, que faziam daquele, um carro diferente, e se era diferente eu comecei a gostar.
Falcon tem os bancos e a parte interna das portas de couro preto. Ele era rebaixado (característica que veio a me dar prejuízos mais tarde), pneus tão largos que iam além da lataria. Lataria que estava em excelente estado por sinal. O volante pequeno, estilo esportivo e de acordo com o vendedor os bancos da frente de modelo procar, e até hoje eu não sei o que isso significa. É claro que, com o passar do tempo ocorreram algumas mudanças. Ali estava um carro velho, porém muito bem conservado. Condição que também sofreu algumas alterações. Não precisou muito, foi nos primeiros instantes de passeio, ainda nem tínhamos saído das mediações do aeroporto, que eu me apaixonei por ele.
O dia seguinte foi cheio... cheio de graxa. Passamos o dia no mecânico. Apesar de ele estar em boas condições, precisávamos ajeitar pequenos detalhes. Ele tinha que estar perfeito, (obviamente que na medida do possível), pois dentro de dois dias estaria enfrentando sua primeira viagem comigo ao volante. Primeiro pequeno detalhe: o freio. Que após muito conserto, continuou igual, e continua igual até hoje. Ninguém se importa mais, afinal é o freio do Falcon. O freio funciona bem, a não ser pelo fato de o volante torcer bruscamente para a direita nas freadas. Mas não se assustem isso é só enquanto o carro está frio, a partir da segunda ou terceira freada do dia começa a normalizar. Apesar de ficar um pouco mais perigoso em dias de chuva, em que a situação se agrava, esse foi um detalhe que eu me acostumei bem, hoje já quase não apresenta mais perigo.
Já era noite quando finalmente saímos da oficina mecânica, tudo estava “ótimo” agora. Só falta mais um detalhe, e esse sim eu diria importante: eu ainda não tinha dirigido ele. Decorrente do problema do freio, meu pai estava receoso em me deixar pegar no volante até que o mecânico pudesse resolver. É claro que, ele teve que se acostumar com a virada do volante também.
Lá estava eu, agora no banco do motorista segurando aquele pequeno volante, ansiosa por tudo que viria nos próximos dias. Demos várias voltas pela cidade, foram aceleradas, freadas, buzinadas. E, algumas horas depois, lá estava eu... Com torcicolo. Os tais bancos procar são muito baixos, e eu também. Devo ter dirigido umas duas horas com o pescoço esticado para conseguir enxergar a rua. Vocês podem imaginar quanto de fluído para massagem muscular eu não tive que usar naquela noite.
 A solução? Uma almofada, que continua lá, fazendo um papel imprescindível até hoje. Aquela dor, aquela almofadinha, foi a nossa primeira troca de afeto. O Falcon, como sempre, demonstrando seu carinho de forma bem característica. E eu, como sempre, dando o troco com humilhações públicas. Se o Falcon falasse, o que será que ele diria ao descobrir que agora era o carro de uma universitária?
Aqueles dias de folga da faculdade tinham sido bons, cheios de surpresas, mas estava na hora de voltar para Guarapuava. Cidade onde cursei minha faculdade, onde morei dezesseis anos com minha família e cinco sem ela.
Eu explico: pouco antes de eu completar três anos, depois de se separar do meu pai, minha mãe resolveu se mudar do Rio de Janeiro comigo e meu irmão para Guarapuava, junto com meus tios que já estavam com a mudança pronta. Dezesseis anos depois fomos para Curitiba, porém eu logo tive que voltar para cursar a faculdade, afinal não tinha passado em nenhum outro vestibular acessível. Agora morando com amigos, nem preciso dizer que esses cinco últimos anos foram bem mais divertidos, né?! E os três em que o Falcon estava junto foram incomparáveis. Realmente faculdade é uma época maravilhosa.
Era hora de partir. A viagem foi tranquila, pelo menos para mim. 250 km em quatro horas e meia. Mas eu não estava com pressa, já não posso falar pelas pessoas que estavam atrás de nós que, não sei porque, pareciam um pouco estressadas. A Br 277 é uma das mais perigosas do Paraná, eu estava dirigindo um carro completamente novo, pelo menos para mim, e com pouquíssima experiência em estradas. Nada mais natural que eu fosse cautelosa. O resultado? Mais dor no pescoço. Mas, superado isso, eu e Falcon estávamos ali, começando uma grande amizade. Eu e ele éramos uma troca, ele me passava uma segurança que só a experiência proporciona, e eu lhe devolvia a juventude que se notava ter passado.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Quem ri por útilmo...



A fala do palhaço grita aos ouvidos de quem ouve,

Mas só ele ouve. Ninguém sabe que é palhaço.

Sentado na cadeira se finge de plateia e se põe apenas a sonhar.

Mas em tom de palhaçada sabe aonde quer chegar.

É palhaço, não é guerreiro... por isso tem medo.

É palhaço, não é piloto... por isso não tem pressa.

É palhaço e a cara não quer mostrar.

Mas também é palhaço,

e seu próprio respeitável público não quer mais ser.